Nunca escondi de ninguém que sou militante do CDS, e julgo mesmo que muitas das pessoas que me conhecem me identificam naturalmente com o partido, por isso julgo legitimo e importante que numa altura em que o meu partido vive momentos conturbados eu venha a publico dar a conhecer qual o meu posicionamento, e qual a minha visão sobre o rumo que, espero, o partido venha a tomar.
Quando no passado dia 1 de Março o Dr. Paulo Portas decidiu anunciar ao país, não ao partido, que era candidato a líder do CDS, e que o método para essa eleição passaria pela marcação de directas, dei por mim num misto de desilusão e de tristeza, pois esperava mais de quem foi um dia Presidente do meu partido.
Não questiono a legitimidade que assiste o Dr. Paulo Portas, bem como qualquer outro militante do partido, em querer ser líder do CDS, antes pelo contrário, sempre elogiarei quem se disponibiliza para receber o “fardo” da liderança, porém tenho que questionar o “timing”, o método e o formato que o Dr. Paulo Portas escolheu para anunciar a sua candidatura.
Desde o congresso de Lisboa em 2005 que o CDS tem vivido em clima de guerrilha provocada por aqueles que o perderam, clima esse que levou à marcação de um novo congresso, desta vez na Batalha, em 2006.
Ora quando todos esperávamos que depois de dois congressos o Dr. Ribeiro e Castro, e a sua direcção, teriam finalmente a liberdade de implementar a moção que venceu dois congressos e que visa levar às portuguesas e aos portugueses, em 2009, um projecto alternativo e coerente para Portugal, assistimos a mais guerrilha e confrontos internos que levaram em Dezembro ultimo ao voto de reprovação da Comissão Politica Nacional do CDS ao líder do grupo parlamentar do partido, e consequentemente à demissão desse mesmo líder parlamentar já em Janeiro ultimo.
Tudo isto é aliás público porque foi esse o método escolhido por quem liderou a guerrilha interna, porém ainda mais grave é o “timing” escolhido. Ao decidir anunciar a sua candidatura a Presidente do CDS, por directas para já, menos de um ano depois de um congresso electivo foi o Dr. Paulo Portas em toda a sua liberdade, mas isto tem uma consequência… a partir de agora o Dr. Paulo Portas não pode voltar a afirmar que é contra os congressos extraordinários e que é a favor do cumprimento na integra dos mandatos recebidos. Porém o que mais estranhei nisto tudo foi o formato escolhido para o anúncio. O Dr. Paulo Portas poderia ter escolhido uma qualquer actividade do partido, poderia ter convocado a comunicação social para uma sede do partido, para anunciar as suas intenções, mas não o fez! Escolheu antes um espaço público, fora do partido, para anunciar que ia avançar para o partido, e isto não faz sentido.
Há muitas razões que podia evocar, para além das acima referidas, para invocar que não poderei apoiar o Dr. Paulo Portas nesta sua aventura, porém há uma razão muito mais forte do que todos os argumentos negativos que possa levantar em relação ao Dr. Paulo Portas, que me leva a não apoiá-lo.
Mais do que não querer o regresso do Dr. Paulo Portas, eu apoio o Dr. Ribeiro e Castro! O CDS precisa de um homem que representa os seus valores e que os incorpora no seu dia-a-dia, na sua acção enquanto líder do partido, na sua abertura ao pluralismo de opiniões, no seu respeito pela diferença, na sua coragem inabalável de seguir as suas convicções, que hoje são também minhas e de muitos outros, na sua capacidade agregadora mas sempre despegada, pedindo sempre a todas e a todos que sejam, como ele, construtores do partido e não seguidores de alguém. É invulgar encontrar alguém assim disponível para a vida pública, para a vida politica, e no CDS temos a sorte de o ter encontrado. O Dr. Ribeiro e Castro é tudo isto, e é muito mais, e por isso, em congresso ou em directas, contra seja quem for, enquanto o Dr. Ribeiro e Castro se mantiver como é hoje, enquanto liderar o partido no campo doutrinário da democracia-cristã, enquanto mantiver este espírito de abertura que permite a que todas e todos estejam no partido em liberdade (com esta liderança o partido já começou a tornar-se num grande espaço para o centro-direita em Portugal, porque este espaço constrói-se pela acção, não pelos “soundbytes”), então terá o meu apoio, um apoio condicionado sempre por um grau de exigência, de rigor, de quem quer sempre mais e melhor para o seu partido acreditando que isso será sempre bom para Portugal.
Eu acredito no Dr. Ribeiro e Castro, sei que sou um entre muitos, cada vez mais, e acredito que o CDS vai prevalecer, vai crescer e vai vencer por Portugal, com Portugal, em 2009 sob a sua liderança!
João Salviano Carmo