terça-feira, 20 de março de 2007

O Fim…

O “Pórtismo” mostrou domingo o que vale e ao que veio.

No Conselho Nacional a Sr.ª Presidente foi sempre clara sobre o que ali estava em causa. Existe um requerimento, assinado por 1392 militantes, que convoca um congresso extraordinário electivo para o partido. Porém esse requerimento deixava em aberto uma outra solução antes de entrar em efeito: se o Conselho Nacional optasse por convocar por sua própria iniciativa um congresso estatutário, então os militantes subscritores do requerimento acatariam a decisão do Conselho Nacional, caso contrário convocariam esse Congresso extraordinário electivo.

No inicio dos trabalhos a Dr.ª Maria José Nogueira Pinto, e a mesa do Conselho Nacional, entenderam por bem pôr à votação a condição presente no requerimento, no sentido do Conselho Nacional expressar se aceitava a condição, e então os trabalhos continuariam normalmente, ou se recusava a condição (o que se veio a verificar 12 horas mais tarde!) pelo que terminaria aí o Conselho Nacional, e a Sr.ª Presidente procederia então, à convocação de um outro Conselho Nacional para convocar o Congresso requerido pelos militantes.

Ora, não se sabe bem porquê, logo houve Conselheiros Nacionais afectos ao Dr. Paulo Portas que se insurgiram quanto à possibilidade do Conselho Nacional se pronunciar quanto a essa condição, provavelmente a tentar que a Sr.ª Presidente e as Senhoras e os Senhores Conselheiros Nacionais se esquecessem desse facto inolvidável que era o requerimento dos militantes convocando um Congresso. Ou seja, com um recurso para o plenário tentaram adiar o inadiável, tentando evitar o inevitável, o CDS vai para um congresso, e apenas competia ao Conselho Nacional pronunciar-se em relação a que tipo de Congresso queria: se o congresso electivo e extraordinário, mencionado no requerimento, ou se um congresso estatutário, convocado pelo próprio Conselho Nacional.

O resultado já todos conhecemos, foi público e demonstrativo do que aí virá se o Dr. Paulo Portas levar a sua avante.

Ninguém nega que o partido quer directas, julgo que na esmagadora maioria estamos todos de acordo em relação a isso, porém no Conselho Nacional percebemos porque querem directas, uns, e porque as pedem outros.

O Dr. Ribeiro e Castro, Presidente em mandato do CDS, pediu ao Conselho Nacional que marcasse um Congresso para introduzir as directas como método electivo do Presidente do partido, e só então devia o partido proceder à eleição de um novo líder por esse novo método, já definido e consagrado nos estatutos do partido. O Dr. Paulo Portas pediu directas e já, e se dúvida houvesse percebemos agora que são directas estatutárias se forem feitas no dia em que ele quer, e se não for assim, são directas “ad-hoc” para o dia em que ele quer. Porque é que têm que ser no dia que ele quer é que ninguém entendeu até agora, e não serão certamente as eleições da Madeira que o justificam, pois em 2002 quando as eleições legislativas estavam “à porta”, bem mais importantes que as eleições regionais da Madeira (sem desrespeito pela Madeira e pelos Madeirenses), o método escolhido pelo Dr. Paulo Portas para enfrentar o Dr. Manuel Monteiro foi, curiosamente, o Congresso Nacional…

Depois do que se passou Domingo, o que está em causa claramente, já não são diferenças ideológicas, não são choques de personalidades, nem sequer se trata já de diferentes métodos para uma mesma coisa, afinal aquilo que se está a passar é a discussão sobre se o CDS como partido deve continuar a existir ou se, pelo contrário, o CDS deve cessar funções e extinguir-se, dando lugar a um PP que não é partido, mas antes, movimento popular de apoio ao Dr. Paulo Portas e seus seguidores mais próximos.

Vivemos pois, um momento de grande importância dentro do partido e que culminará numa de duas coisas: ou o fim do CDS, ou o fim do “Pórtismo” dentro do CDS, pois já é óbvio que CDS e Paulo Portas não podem coexistir.

Se o partido for para um congresso extraordinário, então caberá aos militantes darem um sinal daquilo que pretendem, e se discordarem da ideia do movimento, se discordarem dos métodos e da forma de fazer política do Dr. Paulo Portas e seus seguidores, se querem que o CDS prevaleça, então só têm que dizer presente e apoiar o Dr. Ribeiro e Castro nesta luta pela salvação do partido e pelo fim do “Pórtismo” dentro do CDS. Se por outro lado, os militantes do partido entenderem que o CDS já não tem lugar e que o melhor mesmo é o PP – Movimento de Apoio ao Dr. Paulo Portas, então só têm que apoiar este tipo de métodos e esta forma de fazer política e apoiarem o Dr. Paulo Portas e seus seguidores.

É chegada a hora da verdade! Não há desculpa possível para quem gosta do CDS, se considera militante do CDS, se afirma Democrata-Cristão e/ou Conservador. Ou luta agora com aqueles que querem salvar o partido, com aqueles que respeitam os estatutos, regras e regulamentos do partido, com aqueles que respeitam a vontade dos militantes que convocaram Congresso Extraordinário, ou se junta ao movimento em que a única regra é a maioria circunstancial, um movimento dinâmico, é certo, mas que defende à 2ª feira o caminho A, à 3ª feira o caminho B, à 4ª feira o caminho C. e que perde à 3ª feira os votos conquistados na 2ª feira, na 4ª feira os votos conquistados na 3ª feira, e por aí em diante, um movimento sem método definido de eleição do líder (basta ter maioria e pode eleger o líder por chamada de valor acrescentado, mesmo se for “ad-hoc”), um movimento de um homem e alguns amigos, um movimento sem princípios, sem valores, sem rumo, nem destino.

Uma coisa é certa, em Óbidos começou o fim do “Pórtismo”. O país já deu a entender que não volta a dar para esse “peditório”, pelo que nos resta agora decidir se salvamos o CDS ou se deixamos o CDS morrer nas mãos do Dr. Paulo Portas.




João Salviano