Não duvidamos da força mediática do Dr. Paulo Portas. Ele tem, fruto do seu carácter e da sua atitude meticulosa, uma relação especial com os media. A sua estratégia de marketing assenta na simplicidade de argumentos (sempre três dedos no ar, enumerando-os) e na divisão da realidade em branco e preto, tentando-se assumir rapidamente como o lado branco, como personificação do desejável.
Sendo um mestre do marketing, tem como calcanhar de Aquiles a sua coerência. Portas já foi eurocéptico e eurocalmo. Já foi “geneticamente contra o poder” e já foi Ministro, já foi quase-tudo e o seu inverso.
Creio que a percepção do eleitorado, fora das fronteiras do CDS, é de que é um populista sem remédio. Não sou eu que o afirmo, é o que se ouve nas ruas. Dessa forma, e tendo em conta que vivemos num tempo de pouca ideologia, onde o exemplo pessoal conta muito, o que tem Paulo Portas a acrescentar ao CDS?
Absolutamente nada. A sua legião de apoio reside única e exclusivamente dentro do Partido, porque a generalidade dos Portugueses já tem uma opinião formada sobre ele. E nunca há uma segunda oportunidade para deixar uma primeira impressão. Não há por onde crescer.
Ribeiro e Castro pode não ser uma fera mediática, mas tem a coerência indispensável para ser o líder da Direita Portuguesa. Uma pessoa de irrepreensível percurso, pessoal, profissional e politico, com princípios à prova de bala.
Recuso a ideia de que este é um confronto ideológico.
Não consigo encontrar diferenças substanciais entre os dois programas que justifiquem a teoria do choque ideológico. Trata-se de um confronto entre duas formas de fazer politica: o confronto entre o culto da personalidade de uma direita populista, e a coerência de uma Direita de valores, de princípios, da promoção de todos.
Não podemos esquecer o estado anacrónico em que Portas pretendia deixar o CDS, não tivesse Ribeiro e Castro surpreendido Telmo Correia. Pretendia deixar o Partido naquilo a que seria o verdadeiro impasse, dando o tempo necessário a Portas para reconstruir o seu mito.
Portas pretendia um partido no nevoeiro, à espera de Dom Sebastião. Não conseguindo o nevoeiro, armou o seu grupo, e o fumo dos tiros de canhão por eles disparados serviu-lhe para encenar um regresso mais ou menos atabalhoado.
Perante um ataque ao Partido, os militantes saberão de que lado estar.
Do único lado coerente. Ao lado de Ribeiro e Castro.
Eu acredito.
Hugo Abreu