Há coisas que não se declaram, praticam-se. Uma delas é a coragem. A mesma coragem que ontem vi em Maria José Nogueira Pinto. Uma coragem exercida sem recuos, sem receios, sem medos. Uma coragem cheia de dignidade e firmeza.
Pode haver e há, certamente, quem critique a Presidente do Conselho Nacional por não ter ignorado a vontade de 1400 militantes do partido que tinham convocado um Congresso.
Pode haver e há, certamente, quem critique a Presidente do CN por não ter vergado o desejo colectivo de mais de um milhar de militantes a desejos individuais.
Pode haver e há, certamente, quem entenda que a Presidente do CN devia ter desprezado regras e princípios fundamentais do partido e para o partido.
Agora, o que há e não devia haver é quem insulte e agrida a Presidente do CN pelo simples facto de não concordar com ela. Só por isso. Só mesmo por isso. Já que Maria José Nogueira Pinto não insultou, nem vilipendiou quem quer que fosse. Apenas cumpriu o seu dever e exerceu as suas competências estatutárias, o que era seu direito e obrigação.
Os democratas, quando discordam, não se refugiam no insulto e na ameaça. Os democratas, quando não vencem, não têm atitudes de pura animalidade. Os democratas, quando querem vencer, não o fazem com base na subversão das regras.
Maria José Nogueira Pinto tem um passado de grandeza profissional e política. Tem sido uma grande vereadora do CDS na Câmara de Lisboa. Uma mulher com provas dadas na defesa do nosso partido. A única líder parlamentar que a política portuguesa conheceu.
Maria José Nogueira Pinto não merecia o que, ontem, lhe foi feito em Óbidos por Paulo Portas e pelos seus seguidores. Não merecia ela, não merecia o partido. Como dirigente e, sobretudo, como militante do partido apenas lhe posso pedir desculpa, manifestar tristeza e elogiar a sua grande coragem que não é declarativa, como ontem testemunhei.
Luís Lagos