sexta-feira, 16 de março de 2007

Directas e cheque em branco

De repente, o problema das directas tornou-se no tema central da cisão entre Ribeiro e Castro e Paulo Portas. Discutem-se estatutos e acusa-se cada um dos lados de procurar a forma electiva que lhe garanta maiores probabilidades de vitória.

Por princípio contrária a obstinações de tipo formalista, não posso deixar de considerar intrigante o novo cavalo de batalha de Portas. Sobretudo porque, alicerçado num argumento peripatético do termo da legitimidade do mandato de Ribeiro e Castro, o mesmo resvala, ao melhor jeito de menino mimado, na afirmação contundente que jamais disputará a presidência do partido em congresso.

Os que frontalmente criticavam as directas cerram fileiras em nome da sua defesa. Por que razão?

Medo de perder? Medo de, mesmo em caso de vitória, ter de ouvir verdades que preferiam, autistamente, desconsiderar?

Menos mal se assim for. Denota, apenas, vaidade, soberba e a velha tendência para a manigância.

O meu temor é, porém, outro. Receio, até pela constatação da capacidade portista de defender tudo e o seu contrário, que o querer furtar-se à reunião magna dos democratas-cristãos indicie a vontade de deles receber um cheque em branco. Ou dito de outro modo, receio que, não se vinculando a qualquer moção, Portas tenha o espaço livre para realizar os insondáveis planos de edificação – nunca conseguida em sete anos de mandato – de um grande partido. À custa de todos nós e da falência dos nossos valores.
Mafalda Miranda Barbosa