Ontem o meu partido político dividiu-se violentamente em dois. Raxou irremediavelmente.
Formaram-se de vez dois "estados" em tudo diferentes e separados. Um CDS e um PP.
Esta longa crise interna, que já há muito se vinha arrastando, teve um desfecho: acabou o partido político CDS-PP. Esta é a leitura nua e crua, que faço de tudo quanto vi e ouvi sobre o Conselho Nacional de Domingo. Mas só o tempo dirá se tenho ou não razão.
Mas como não quero, nem devo, falar sem conhecimento de causa, não irei aprofundar o assunto. Irei antes falar sobre o futuro, porque esse sim, é que importa.
Tentando ter uma atitude sentimentalmente desapegada (o que para mim é quase impossível porque sou parte integrante deste "corpo" e gosto muito do meu partido), e tantando fazer uma análise o mais imparcial possível (o que me é penoso pois optei por uma das partes), gostaria de dizer o seguinte:
Mais do que dois modelos distintos de liderança (porque a meu ver isso não é, nem nunca foi o ponto fulcral desta disputa interna), está o modelo do partido. A forma. O conteúdo. A base. A postura. Os valores. Os princípios. A moral. E quanto a isto, tudo mudou. Nada é igual.
Já se percebeu que é preciso mudar, crescer, ir ao encontro da sociedade, das pessoas. Abrir "as portas e janelas a novas pessoas". Ambos os projectos são abertos à mudança. Mas abertos a diferentes tipos de mudança. Ora aqui reside o essencial. O ponto de fulcral importância para perceber que escolha fazer.
Quanto à crise, esta é insanável. Uma ferida demasiado profunda. Uma morte lenta e tortuosa. Digo crise insanável por um simples motivo: ganhe quem ganhar o partido nunca mais será o mesmo. Nunca mais estará unido internamente, coeso e credível exteriormente. Nenhuma das partes irão abdicar daquilo que defendem. As posições estão irremidiavelmente extremadas. Importa agora perceber que atitude devemos tomar. Que projecto seguir.
Quanto a mim, renovo aqui publicamente o meu incondicional apoio ao Dr. Ribeiro e Castro, ao seu projecto de mudança para o CDS. Ele é o meu líder e presidente do meu partido. Se acredito, vou. Vou à luta por aquilo em que acredito, por aquilo que defendo.
Miguel Valentim