quinta-feira, 19 de abril de 2007

Um partido Perfeito!

«Não menos nefasta é a dupla ignorância dos políticos- ou das pessoas em cargos de poder- que preferem o imediato (mais exactamente, o pouco que dele se apercebem) ao essencial, quando não meramente os seus próprios interesses.»

Thomas de Koninck “A nova ignorância e o problema da cultura” Pág. 27 Edições 70


No próximo Sábado, decorrerão as eleições “directas” no CDS-PP. Esta é a altura em que temos de optar: por muito que possamos reconhecer qualidades aos dois candidatos, temos em aberto dois modelos de partido, dois modelos de candidatos, e para já, apenas uma equipa.

Ontem tivemos o primeiro debate entre estes candidatos. Infelizmente o primeiro e único debate. Porque embora se pudesse pensar que era importante que as diferenças fossem esclarecidas, os pontos de discórdia e de concórdia fossem evidenciados, apenas houve disponibilidade para um debate, de uma hora a seguir a um jogo de futebol.

Agora perfeito perfeito era termos tido oportunidade de ver esclarecidos alguns pontos como qual é a diferença de modelo que nos apresentam, em que é que se iria traduzir o novo impulso liberal no partido, o que é que seria feito de substancialmente diferente. Será que o problema que Portas identifica no partido é apenas um problema de estilo? Ou também de conteúdo. E nesse caso, onde é que temos de mudar? Aliás, se o problema é de estilo, e se Portas entende que é o seu estilo o melhor, então ele deveria ter ajudado, e todos saberíamos o tom e estilo a adoptar. Percebermos tudo isto ajudaria ao debate, e ter debate é que era per...feito!

Falam-nos em abrir o partido, em quebrar tabus, em mudar o discurso. Pessoalmente prefiro manter valores, que para mim são os correctos, ganhar conteúdo, apresentar formas alternativas de política, ser igual a todos os outros é perder diferenciação.

Se Portas pode alimentar o “antagonismo militante” durante dois anos, se pode estar calado falando por outros, se pode faltar quando é convocado e aparecer quando não é oportuno que contribua ausentando-se, então porque é que Ribeiro e Castro não pode mostrar indignação com este comportamento?

Perfeito, perfeito, é termos um líder que ouve as bases, que tem um discurso claro e com substância, que sabe que precisa de ouvir os peritos em várias áreas para que o discurso seja sustentado, que está disponível para colaborar com todos, que quer fazer partido por todo o país. Isso é que era perfeito, perfeito, perfeito!
Tiago Antão