Paulo Portas apresentou há pouco tempo o seu documento de orientação política. Lá tudo é afirmado, sem que nada verdadeiramente seja dito. Renega-se o centrão, mas afirma-se, ao arrepio das regras mais elementares da lógica apofântica, a necessidade de ocupar espaço ao centro.
Para tanto, alerta-nos o antigo presidente do CDS que este se tem de apresentar como um partido moderado, aberto a uma sociedade pós-ideológica. Abraça-se o politicamente correcto, cultiva-se o relativismo axiológico, inverte-se a relação entre os ideais e o eleitorado, abre-se espaço ao procedimentalismo niilista.
Não interessa encontrar meios para defender os nossos valores, importa, outrossim, ir forjando ad hoc políticas que melhor sirvam ao figurino da moda.
Confesso não entender a eficácia desta visão das coisas. Se há anátema que recai actualmente sobre o ex líder do partido é o espírito camaleónico que sempre o caracterizou. Descredibilizou-se paulatinamente, tantas foram as cambalhotas efectuadas ao longo da intervenção pública. Dotado de um espírito lúcido, como pode, em consciência, Paulo Portas acreditar que promover mudanças, contrariar constantemente aquilo por que nos batemos, ajuda a conquistar eleitorado? Ainda que alicerçado no postulado da memória curta do povo, melhor faria se percebesse que este está cansado da incongruência, da inconstância, da falta de honestidade intelectual que povoa os aparelhos partidários.
Mas confesso ainda que me arrepia a lógica. Arrepia-me por lembrar a ideia dos consensos obtidos a posteriori, tão ao estilo de uma ética da comunicação que facilmente resvala para a pós-metafísica e a pós-secularidade, com a consequente imposição do laicismo radical, de que falam os críticos de Habermas.
Arrepia-me por perceber, interpretando o seu discurso, que para Paulo Portas o personalismo ético é apenas um pano de fundo, embelezador do discurso quando aproveitável, em vez de ser o fundamento que tudo contagia e informa.
Não advogamos o autismo obnubilador da realidade. Sabemos, tal como aquele que esteve à frente do nosso partido durante sete anos, que a dimensão axiológica há-de ter de ser complementada por uma visão prática e por uma dose de realismo próprio da arte governativa. Admitimos, mesmo, que um político que se queira ver mergulhado no arco da governalibilidade não se pode despir de uma intencionalidade estratégica, funcional, finalisticamente determinada. Mas rejeitamos liminarmente a máxima “a realidade tudo comanda”.
Paulo Portas, na sua última versão, pretende transformar o CDS num íman neutral de atracção dos que, por tradição, votam PSD.
E nada disto seria grave se não fosse o nosso país a estar em causa. Mas é. Um país cansado da falta de referentes, um país inundado pela tecnocracia reinante, um pais perdido pela falta de um projecto, um país órfão de todos os valores e princípios que constituem a sua base de sustentação.
Consumido pela voragem da pós-modernidade, Paulo Portas não se apercebeu que o personalismo ético, não só não passou de moda, como constitui o pilar fundacional do Estado de Direito em que nos inserimos. Consumido pelo desejo há longo tempo perceptível de regresso ao poder, Paulo Portas não se apercebeu que é por os políticos o contrariarem que a injustiça impera, que os problemas se galvanizam.
É por isso que voto Ribeiro e Castro. Porque, no confronto, o último representa hoje um dique de afirmação dos valores, da credibilidade, da autenticidade. Porque, num mundo à deriva, Ribeiro e Castro permite manter a esperança de que não seremos mais um entre os outros.
Eu acredito!
Para tanto, alerta-nos o antigo presidente do CDS que este se tem de apresentar como um partido moderado, aberto a uma sociedade pós-ideológica. Abraça-se o politicamente correcto, cultiva-se o relativismo axiológico, inverte-se a relação entre os ideais e o eleitorado, abre-se espaço ao procedimentalismo niilista.
Não interessa encontrar meios para defender os nossos valores, importa, outrossim, ir forjando ad hoc políticas que melhor sirvam ao figurino da moda.
Confesso não entender a eficácia desta visão das coisas. Se há anátema que recai actualmente sobre o ex líder do partido é o espírito camaleónico que sempre o caracterizou. Descredibilizou-se paulatinamente, tantas foram as cambalhotas efectuadas ao longo da intervenção pública. Dotado de um espírito lúcido, como pode, em consciência, Paulo Portas acreditar que promover mudanças, contrariar constantemente aquilo por que nos batemos, ajuda a conquistar eleitorado? Ainda que alicerçado no postulado da memória curta do povo, melhor faria se percebesse que este está cansado da incongruência, da inconstância, da falta de honestidade intelectual que povoa os aparelhos partidários.
Mas confesso ainda que me arrepia a lógica. Arrepia-me por lembrar a ideia dos consensos obtidos a posteriori, tão ao estilo de uma ética da comunicação que facilmente resvala para a pós-metafísica e a pós-secularidade, com a consequente imposição do laicismo radical, de que falam os críticos de Habermas.
Arrepia-me por perceber, interpretando o seu discurso, que para Paulo Portas o personalismo ético é apenas um pano de fundo, embelezador do discurso quando aproveitável, em vez de ser o fundamento que tudo contagia e informa.
Não advogamos o autismo obnubilador da realidade. Sabemos, tal como aquele que esteve à frente do nosso partido durante sete anos, que a dimensão axiológica há-de ter de ser complementada por uma visão prática e por uma dose de realismo próprio da arte governativa. Admitimos, mesmo, que um político que se queira ver mergulhado no arco da governalibilidade não se pode despir de uma intencionalidade estratégica, funcional, finalisticamente determinada. Mas rejeitamos liminarmente a máxima “a realidade tudo comanda”.
Paulo Portas, na sua última versão, pretende transformar o CDS num íman neutral de atracção dos que, por tradição, votam PSD.
E nada disto seria grave se não fosse o nosso país a estar em causa. Mas é. Um país cansado da falta de referentes, um país inundado pela tecnocracia reinante, um pais perdido pela falta de um projecto, um país órfão de todos os valores e princípios que constituem a sua base de sustentação.
Consumido pela voragem da pós-modernidade, Paulo Portas não se apercebeu que o personalismo ético, não só não passou de moda, como constitui o pilar fundacional do Estado de Direito em que nos inserimos. Consumido pelo desejo há longo tempo perceptível de regresso ao poder, Paulo Portas não se apercebeu que é por os políticos o contrariarem que a injustiça impera, que os problemas se galvanizam.
É por isso que voto Ribeiro e Castro. Porque, no confronto, o último representa hoje um dique de afirmação dos valores, da credibilidade, da autenticidade. Porque, num mundo à deriva, Ribeiro e Castro permite manter a esperança de que não seremos mais um entre os outros.
Eu acredito!