quinta-feira, 12 de abril de 2007

Ser CDS/PP

Sou de direita. Assumido e convictamente. Não sou nem de centro, nem do centro-direita. Por isso a nova discussão em que o CDS/PP se deixou enredar preocupa-me substancialmente. Sempre admirei no CDS/PP a coragem de num País onde se pensa, se escreve e - querem alguns - se respire à esquerda se assumir, sem complexos, como sendo um Partido que representa a direita democrática, a direita dos valores, a direita da liberdade, a direita do mérito, a direita do estado mínimo. É essa a direita que em 1974 votou – sozinha e sem medo – contra a constituição comunista que nos quiseram impor, que acredito. É essa mesma direita que – sozinha e sem medo – defendeu a vida em 2007.

Ao contrário do que alguns fazem crer, não é verdade que o CDS/PP tenha mudado constantemente de trajectória ou de percurso. Sofreu evoluções, é certo, ora deu mais importância a um discurso liberal com Lucas Pires, ora aprofundou a sua praxis democrata-cristã e conservadora, com Adriano Moreira.

Porém, a verdade é que o CDS/PP é o mais coerente dos Partidos à direita do PS. Nós nunca fomos a favor de nacionalizações; nós nunca fomos favoráveis a um Estado que se multiplica e que mais se assemelha a um polvo; nós nunca tivemos dúvidas sobre o aborto; nós nunca quisemos fazer parte da Internacional Socialista. Nós não temos nada que ver com centrão que nos tem desgovernado.

Esta tem sido a marca do CDS/PP. Este tem sido o refúgio de uma minoria que quer ser maioria, mas que não transige. Este tem sido o porto daqueles que acham que é possível a existência de políticas alternativas, com vista a uma alternativa política que derrote a mera alternância entre a lima e o limão do centrão.

Ora, assim sendo – como efectivamente é – tudo o que o CDS/PP não precisa é de se transformar num outro PSD. Por isso encaro com profunda desconfiança a ideia do Partido de centro-direita. Não pelo partido em si, mas por Portugal. O que Portugal precisa é de quebrar os espartilhos do centrão e não de mais centrão. O que Portugal precisa é de uma alternativa e não de mais alternância. O que Portugal precisa é de um CDS/PP que não tenha medo nem vergonha de o ser.

E como Portugal precisa desse CDS/PP, este precisa de Ribeiro e Castro. O CDS/PP precisa de Ribeiro e Castro porque este faz a síntese das direitas em Portugal. O CDS/PP precisa de Ribeiro e Castro porque este conseguiu abrir o partido a novos discursos (v.g. o nuclear e as preocupações ambientais, o cheque ensino, a defesa do centro de negócios do Funchal, a fiscalidade, o peso do Estado na economia, a definição do papel e funções do Estado). O CDS/PP precisa de Ribeiro e Castro porque este conseguiu abrir o partido a mais e novos quadros.

Ribeiro e Castro perdeu, é certo, a primeira batalha, mas demonstrou que era um General, não transigindo quando lhe propõem atalhos, antes impondo o respeito pelas regras próprias do Partido. Perdeu a primeira batalha em nome dos militantes de base. Estou certo que serão esses mesmos militantes de base, em nome dos quais Ribeiro e Castro combateu, que lhe darão a mais importante das vitórias. A vitória da substância. A vitória que permitirá a construção de uma alternativa política. Eu contribuirei com o meu voto para essa vitória.
DDC