quarta-feira, 18 de abril de 2007

Carta aberta de dois Liberais ao Presidente do CDS / Partido Popular

Exmo. Senhor Dr. José Ribeiro e Castro,

Hoje, o CDS, partido que o V. Exa. ajudou a fundar (a partir da, então, Juventude Centrista), do qual somos militantes há um bom punhado de anos, vive momentos conturbados e preocupantes.

Nesta disputa eleitoral interna, que terminará a 21/04/2007, há quem queira identificar uma dicotomia doutrinária entre liberais, que seriam representados pelo Dr. Paulo Portas, e democrata-cristãos, representados pelo V. Exa..

Sendo ambos dois assumidos liberais de sempre, afastamos por completo aquele cenário de (suposta) divergência doutrinária, recusando que sua candidatura represente menos os liberais do Partido que a candidatura opositora.

Aliás, a história passada ensina-nos exactamente o contrário.

Por um lado, o Dr. Paulo Portas tanto nas intervenções que proferia a partir da Assembleia da República ou do Ministério da Defesa Nacional, como nos dias de campanha em que percorria as feiras e mercados do nosso país, nunca se apresentou como um liberal. Antes pelo contrário. Lembramo-nos bem do tempo em que o Dr. Paulo Portas considerava o CDS/PP apenas como Partido democrata-cristão e conservador. Lembramo-nos bem que, durante sete anos, as esparsas referências aos liberais vinham sempre acompanhadas de uma detalhe – liberais moderados. Como se os liberais tivessem uma qualquer capitis deminutio. Também nos lembramos do tempo em que se apregoava que: “Aveiro não é Chicago e Portugal não são os Estados Unidos” ou “As teses liberais são boas lá na Universidade Nova”.

Também ao nível das propostas e da acção política, os sete anos de Presidência de Paulo Portas, nunca tiveram qualquer apetência por uma política liberal e liberalizante. Só a título de exemplo, o Dr. Paulo Portas (i) recusou a liberalização das farmácias na campanha eleitoral de 2002; (ii) enquanto Ministro da Defesa adjudicou contratos públicas ancorando tal decisão em critérios que não a eficiência; (iii) Nunca se fez uma referência ao Estado fiscal voraz; (iv) ou foi a economia uma prioridade.

Pelo que, não existem, objectivamente, razões para acreditar que Paulo Portas seja verdadeiramente um liberal ou que os liberais se possam nele rever.

Pelo contrário, o V. Exa., sendo – assumidamente - um democrata-cristão (o que sempre nos separará), tem sabido fazer a síntese do Partido, incluindo a sua corrente liberal. Nunca a renegou. Nunca a desprezou. Nunca a menorizou. Antes pelo contrário. Sabemos que divergiremos em muitos aspectos. Sabemos que nunca será um liberal como nós somos. Mas sabemos e sentimos que sempre nos representou. Pelo que, apesar de não ser V. Exa. um liberal, podemos-lhe afiançar que nos revemos no que tem defendido.

Com efeito, como poderá um liberal do Partido não votar na candidatura que V. Exa. apresenta, quando nos tem proposto, entre tantas outras coisas, liberdade na educação com a introdução do cheque ensino (quando com Paulo Portas se defendia que se cantasse o hino), concorrência nos serviços sociais, necessidade de um Estado mais leve com a consequente reorganização e redefinição das funções do mesmo. Como pode um liberal não votar na candidatura de V. Exa., quando tem sido o primeiro a chamar a atenção para este Estado que mais do que se financiar empobrece os Portugueses à conta de tantos impostos.

Mais, sabemos que com V. Exa. podermos continuar a contar com grandes liberais na direcção do Partido (como o Eng. Pedro Sampaio Nunes), os quais – certamente - continuarão na linha da frente pelo combate a um Estado obeso que oprime.

Por último, sabemos bem que não há liberdade sem responsabilidade e, com V. Exa. no comando do CDS/PP, este será um Partido sério, credível e responsável e não um partido de vertente mais populista, defendida pelo Dr. Paulo Portas e por muitos dos seus apoiantes.

Pelo exposto, subscrevo-nos com os melhores cumprimentos, desejando-lhe a vitória no próximo dia 21/04/2007,

Diogo Duarte de Campos
Filipe Matias Santos