"Nós queremos arranjar votos para as nossas ideias e não arranjar ideias para ir atrás dos votos"
Não sei se as palavras do Presidente terão sido exactamente estas, mas a ideia está, sem dúvida, a ganhar consistência no decorrer desta campanha.
Ao contrário do que diz Paulo Portas, eu sinceramente acho que este é o ponto que se deve discutir nesta tentativa de campanha.
Não tem lógica discutir o país se estamos a decidir a liderança do Partido. É por isso que numa campanha para as autárquicas se discute os municípios, nas legislativas se discute o país e nas europeias a visão comunitária.
Ora, numa campanha para a liderança do CDS, tem de se discutir as visões dos candidatos para o Partido, sendo que a melhor visão dos candidatos para o partido transforma-se em programa de governo e isso sim irá a votos em 2009.
E é precisamente por isso que Portas não quer discutir, é por isso que Portas foge para os problemas nacionais, retoma a imagem de estadista acima de qualquer quezília interna, enfim, o habitual... mas porque será? A explicação, a meu ver, é simples. Portas é um profissional da política sabe bem o que deve fazer e sabe que neste momento, para ganhar o partido, talvez tivesse de defender ideias que o poderão vir a comprometer em 2009. Este é o estilo gafanhoto de que fala o Presidente, ele sonda aquilo que as pessoas querem e depois adapta as suas ideias nesse sentido. Mas será este rumo normal? Será que vale tudo para ganhar votos? Será que o CDS quer hipotecar as suas ideias e valores com 30 de existência só para ganhar mais um voto aqui e outro acolá?
Em Portugal, para além do CDS, não existe um único partido a defender o ideal democrata cristão e a assumir-se de direita. Esta tendência é no mínimo estranha, uma vez que na avançada Europa, todos os países têm partidos com esta ideologia e, pasme-se, esses partidos ganham eleições e governam esses países. Na avançada Europa, os partidos de esquerda é que tendem a acabar, basta ver o partido comunista francês que está a dar o triste pio, e o partido comunista italiano que teve de se "reformar".
Em Portugal, ao arrepio do resto do velho continente, estamos a tentar acabar com o único partido de direita que existe. Estamos a votar se mantemos a raiz que tanto sucesso faz por esse mundo fora, ou se criamos (mais) um partido de centro-direita, que agora até quer fazer bandeiras das ideias ditas de esquerda.
E no meio de tudo isto Paulo Portas diz que não quer discutir o partido?!!??!?! Então quer discutir o quê? será que quer discutir alguma coisa? será que não quer ficar calado e tentar passar ao lado disto tudo e acordar em 2009 para a campanha? Portas está tão silencioso que nem sequer consegue dizer a equipa que tem (?) e a equipa que pretende apresentar em 2009 a eleições...
Eu Acredito no modelo actual... Eu Acredito que este modelo faz todo o sentido numa altura em querem descaracterizar as ideias em Portugal... Eu Acredito que, em 2009, é preciso um partido que marque a diferença e se destaque, não sendo apenas mais um na grande família do centro-direita... Eu Acredito que temos de fazer valer as nossas ideias e não adaptá-las apenas porque um estudo de opinião diz o contrário... Eu Acredito que isto só será possível com Ribeiro e Castro e, principalmente, com o grupo de pessoas que o acompanham e que estão ao seu lado nesta caminhada....
Tiago Pestana de Vasconcelos
P.s. e o que me dizem da ideia peregrina dos círculos uninominais para a eleição de delegados ao congresso?? vai ser giro quando, na próxima reforma do estado, o PSD e o PS atirarem com esta medida à cara do CDS...